Batuque era uma dança que compunha um ritual de fertilidade, que veio para o Brasil no período colonial junto com os negros africanos.
Nessa época, os portugueses consideravam batuque qualquer tipo de dança praticada pela comunidade negra. Na região Norte, o Batuque enraizou-se principalmente no Pará e no Amazonas, onde a palavra "batuque" também serve para designar práticas religiosas afro-brasileiras.
Hoje, no Rio Grande do Sul, o batuque é conhecido como uma cerimônia religiosa muito semelhante ao candomblé baiano ou a macumba carioca e paulista. Já no estado de São Paulo é dança de terreiro, onde estão presentes os membranofônicos: tambu, quinjengue ou mulemba, e os idiofônios: matraca e guaiá. A região batuqueira paulista localiza-se no vale do Médio Tietê, abrangendo alguns municípios como Tietê, Porto Feliz, Laranjal, Pereiras, Capivari, Botucatu, Piracicaba, Limeira, Rio Claro, São Pedro, Itu, Tatuí. Em Campinas era chamado caiumba, segundo registros de Carlos Gomes.
Em Botucatu, até 1920 havia os batuques no Largo do Rosário, no dia 13 de maio. Em São Carlos ficaram famosos os batuques do Cinzeiro, o bairro da Bola Preta, por causa da população negra e pobre que ali residia.
Dança de terreiro com dançadores de ambos os sexos, organizados em duas fileiras. Estão separadas uma da outra cerca de 10 a 15 metros, espaço no qual dançam.
No encerramento do batuque a dança saideira é o "leva-e-traz". O cavalheiro faz vênia, não dá "batidas" ou umbigadas, vai levar a dama no seu lugar inicial.
Um batuqueiro "modista" faz "poesia" ou "décima". Outras vezes, cantando em determinada "linha", em dado momento quanto os demais encontram uma boa trova, "suspendem o ponto" e começam a repetir aquela quadra ou "linhada dupla de versos". A consulta coletiva é finda quando "levantam o ponto" ou "sustentam", isto é, quando começam a repetir a melodia e palavras. A consulta coletiva é sempre feita em frente do instrumento fundamental do batuque, que é o tambu. O grupo de homens é levado pelo "modista" até onde estão as mulheres. Essas aprendem logo a melodia e palavras. Quando "afirmam o ponto", ou seja, decoram, repetindo texto e música, o primeiro a dar umbigada é o "modista'. Os demais batuqueiros começam a dançar. Dão umbigadas sempre presos ao ritmo do tambu. Quinjengue e matraca são tocados freneticamente. Os batuqueiros dão três umbigadas, voltando aos seus lugares primitivos. Agora são as mulheres que vêm onde estão os homens para dar umbigadas. Um ponto é cantado e dançado durante 10 a 20 minutos.
É pecado dançar nos seguintes casos: pai com filha, padrinho com afilhada, compadre com comadre, madrinha com afilhado, avó com neto ou batuqueiro jovem. Se, por descuido, um batuqueiro bate uma umbigada na afilhada, essa lhe diz:
-"A bênção padrinho!".
O padrinho então vem lhe dando as mãos alternadamente até perto da fileira onde estão os batuqueiros, sem batucar.
Segundo a descrição de Alfredo Sarmento, em Luanda e outros distritos de Angola, "o batuque consiste também num círculo formado pelos dançadores, indo para o meio um preto ou preta, que, depois de executar vários passos, vai dar uma umbigada, a que chamam de "semba", na pessoa que escolhe, a qual vai para o meio do círculo, substituindo-o".
Foi essa umbigada ou "semba" de onde provavelmente se originou o termo "samba", de início tomado como sinônimo de batuque. Nos primeiros tempos da escravidão, a dança profana dos negros escravos era o similar perfeito do primitivo batuque africano, descrito pelos viajantes e etnógrafos.
Batuque e samba tornaram-se dois termos generalizados para designar a dança profana dos negros, no Brasil. Mas, em outros pontos, tomavam designações regionais, por influência desta ou daquela tribo negra, que forneceu um maior contingente de escravos a esses pontos.
A música compreende as "modinhas" e as "carreiras". As primeiras são constituídas por versos que aludem a assuntos variados. Constituem a parte musical propriamente dita. As carreiras são cantigas de desafio, entoadas com acompanhamento apenas do Guaiá, pois ocupam o tempo em que os tambores estão sendo afinados ao pé do fogo. Nelas há a observância de linhas, isto é, rimas poéticas com terminações obrigatórias. Subdividem-se em "com fundamento" e "sem fundamento". As primeiras propõe adivinhações à semelhança dos "pontos" do Jongo e do Caxambu; as segundas desobrigam os cantadores do uso de metáforas.
Não há indumentária específica: são exigidos apenas saia rodada e lenço amarrado à cabeça das mulheres.
O Batuque Amazônico é desenvolvido por casais de dançarinos. As moças usam blusa confeccionada em cambraia que acompanha a saia branca rodada com detalhes amarelos. Na cabeça, um turbante característico dos cultos afro-brasileiros é usado. Os dançarinos apresentam-se sem camisa, usando apenas calças brancas e muitos colares feitos com contas. Como a maioria das danças folclóricas da região, não se usa sapatos no Batuque Amazônico.